A iconografia musical na colecção de leques da Casa dos Patudos: análise de aspectos temáticos e organológicos

Luzia Aurora Rocha

Resumen


Em Portugal, a transição do século XIX para o XX foi um período conturbado, marcado pela transição da monarquia para a República, que foi anunciada por José Relvas (1858-1929), importante agricultor, político, músico e coleccionador de arte da varanda do edifício da Câmara Municipal de Lisboa. A Casa dos Patudos (Alpiarça, Portugal), que pertenceu a Relvas, é presentemente uma casa-museu onde estão os mais variados objectos de sua colecção (pintura nacional e internacional, cerâmica, joalharia, instrumentos musicais, etc), entre os quais se destaca o famoso retrato de Domenico Scarlatti datado do século XVIII. A colecção de leques, objectos indispensáveis na época, está directamente relacionada com a senhora da casa, D. Eugénia, e engloba exemplares dos séculos XVIII, XIX e XX em que a representação da música é bastante significativa. Este artigo pretende contextualizar a Casa dos Patudos e a família Relvas ao nível histórico, social e político e analisar a colecção de leques com enfoque nos motivos musicais que os decoram. Esta análise é realizada por forma a proceder à identificação de temas e/ou programas iconográficos segundo a estética dos períodos em que foram produzidos Ao mesmo tempo verificar se foram copiados de outras fontes artísticas, tais como pinturas, gravuras, azulejos, etc. Uma hipótese levantada é se existirá, nos leques, a cópia fiel ao nível dos instrumentos musicais. Para responder a esta questão proceder-se-á a uma análise detalhada de aspectos relativos à Organologia.

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